segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Lembra do Mário?

Lembra do Seu Mário? Aquele senhor da primeira história contada neste blog? Pois então, ele voltou! Não satisfeito pela fama em Florianópolis - principalmente no leste e norte da ilha, pelo folclórico apelido de "Fofoca", ele teima em fixar espaço por aqui. Dono de uma banca de calçados no Mercado Público, ele ainda sorri quando guias turísticos levam dezenas de crianças para aclamá-lo em frentr à Valgas Calçados:

- O que ele é? - pergunta o guia.
- Fofoqueeeiro! - responde em couro a garotada.

E ele não se abala. Pelo contrário, até provoca os garotos para que gritem mais. Tristeza mesmo, Seu Mário teve com a primeira postagem sobre ele aqui. Acostumado a aparecer nos principais veículos de Santa Catarina e ser chamado pelos colegas de "papagaio de pirata", ele questionou a boa vontade dos blogueiros:

- Tanta foto boa e foram escolher justo essa? Com a boca aberta?!

Riu e desculpou-se pela brincadeira. Perdoou tanto que inclusive nos contou uma nova pérola para publicação. No tempo em que uma linha fazia apenas duas viagens por dia, com excessão ao fim de semana que não rodava, havia um ônibus especial para as lavadeiras. Na ída, alguns garotos, inclusive ele, iam em cima das roupas, de qualquer jeito. No entanto, na volta, ai de quem chegasse perto das roupas limpas e dobradas.

Alguns anos mais experiente e com quase todos os fios de cabelo brancos, Seu Mário mantém o espírito coletivo e brinca:

-  Dou carona.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Surpresa no caminho


Eram 6h45 da manhã, João Augusto estava atrasado para o colégio. Saiu correndo de casa para não perder o ônibus e, quando estava a dobrando a esquina, avistou seu ônibus chegando no ponto. Naquele momento, ele só pensou em correr.

-Era dia de prova, não podia chegar atrasado na escola. Só deu tempo de sair correndo em direção ao ônibus.

Mas João não contava com uma "surpresa" no caminho.
Imagem meramente ilustrativa
- Corri feito um maluco e nem vi o enorme buraco em minha frente. Felizmente consegui pegar o ônibus, mas não sai ileso dessa.

João acabou torcendo o tornozelo no buraco,mas pelo menos chegou a tempo de fazer a prova.

- Apesar de tudo, consegui fazer uma boa prova. - comentou João, aliviado.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Retratos de uma juventude perdida

Rua Lauro Linhares

Como já contamos aqui neste blog, o TICEN é um lugar onde acontece de tudo. É a ficção acontecendo em meio a vida real. Encontros, despedidas, amores, casos estranhos ou até  mesmo embaraçosos. Pois então, neste emaranhado de possibilidades e histórias descobrimos que nem tudo são flores na cidade onde vivemos. "Floripa tem", também, assaltos, poluição e, principalmente, má educação.
Ao mesmo tempo em que a cidade afunda devido a superpopulação, parece faltar um mínimo de respeito e bons modos.

Volta ao morro Pantanal, saída norte (linha 137). Saída do terminal as 13h36, com chegada prevista para quase uma hora depois no mesmo.  Algumas pessoas, em sua maioria senhoras de mais idade, aguardavam pelo coletivo. Eu também estava por ali, contemplando a chuva que caía no centro e esperando o ônibus que em alguns minutos me levaria, enfim, para casa.

Seja educado, os mais velhos primeiro. - tive a sorte de ter pais que me ensinaram isso, no entanto, pelo que percebi, não é privilégio de todos. Três rapazes que vestiam boné de aba reta, algumas pratas e carregavam consigo um celular, cortaram a fila quando o ônibus acabara de chegar e foram os primeiros a ocupá-lo.
Até aí tudo bem, havia lugares suficientes para que todos que esperavam pudessem se acomodar.

E piorou. Entraram no ônibus, minutos antes da partida, mais duas meninas e, acredite, um celular. Desde então foi um guerra para saber qual dos celulares tinha o maior alcance sonoro. Além disso, ambos tocavam funk. Não quero ser preconceituoso, muito menos um crítico musical, mas tocar "o dia em que a putaria tomou conta de mim", num ambiente que possui desde crianças até idosos, na tarde de uma terça-feira, não me parece de bom senso. E pensar que um pequeno fone de ouvido resolveria tudo.
Foram aproximadamente 20 minutos de tortura, com dois funks tocando ao mesmo tempo no volume máximo. Ainda bem que acabou no meio do caminho. Agradeci aos céus pela paz e achei que, depois daquilo, nada mais me abalaria.

Eu estava errado. Na Trindade, Rua Lauro Linhares, logo após passar a penitenciária, aconteceu algo que realmente me chocou. Tudo aquilo que acontecera até então havia me deixado apenas furioso por tamanha falta de educação, mas com isso foi diferente. Fiquei paralisado; sem reação.
Nos mesmos padrões dos moleques que furaram a fila, porém um pouco mais novos (por volta de 16 anos), vi de longe dois deles. Riam que se acabavam. Não entendi a graça, mas os achei inofensivos. O ônibus continuou  indo em direção a eles, até que passou ao seu lado. Enquanto o mais baixo e, aparentemente, mais novo continuava a gargalhar, seu parceiro estufou o peito e simplesmente cuspiu no vidro que estava a minha frente, no qual uma garota estava sentada.

Ele cuspiu. Ele cuspiu! Ele cuspiu e fez isso por diversão.

Me lembrou muito a música "Retrato de um Playboy - Parte 1", de Gabriel o Pensador. Aí vai um trecho:
Olha só que legal quando eu pego um ovo
E entro no carro com os amigos e levo o ovo na mão
(Olha o ponto de ônibus
Freia aí meu irmão!!)
E eu taco o ovo bem na cara de um trabalhador
Que esperava o seu ônibus que passou e não parou
Que maneiro eu não ligo pra quem tá sofrendo
Em vez de eu dar uma carona eu deixo o cara fedendo
Não estou afirmando que os moleques eram playboys, aliás, pela aparência eram longe disso. O que realmente interessa é que babaca não tem cor, credo, classe social ou veste camisa de time de futebol. Os babacas estão em todos lugar e, pelo visto, se proliferam.